Memória falsa: veja como o seu cérebro pode te enganar

  • Memória falsa: você já ouviu falar sobre isso?
  • O que são as memórias falsas?
  • Como se formam as memórias falsas?

Você já deve ter tido alguma lembrança de muito tempo atrás que às vezes causa uma dúvida se aquilo aconteceu mesmo, não é? Isso pode ser uma característica de algo que chamamos de memória falsa, que são coisas que podem até ter acontecido, mas bem diferente do que a pessoa se lembra.

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E isso não significa que só ocorre com as lembranças de muitos anos atrás. Você se lembra exatamente o que comeu semana passada ou ainda se lembra das notícias que estavam em destaque no último mês? Dificilmente a memória sobre esses eventos será exata e precisa, podendo ocorrer também as memórias falsas.

O cérebro costuma recorrer a “palavras-chave” de notícias e acontecimentos cotidianos, misturando muitas vezes o que é verdade e o que não é, causando dúvida em cada evento.

Isso não significa que você esteja com problemas de memória, mas pode significar que você esteja exposto a um número excessivo de informações. Assim, seu cérebro tende a armazenar uma memória ou informação que não é útil, esquecendo de algo importante. Isso pode desencadear a confusão na memória, o que cria uma memória falsa.

O cérebro e a memória

Memória falsa

Existem casos de pessoas que apresentam o que é conhecido como memória absoluta: elas se lembram de cada detalhe, fato e acontecimento desde crianças. Muitos podem achar que isso é bom, afinal imagine se lembrar de tudo e não perder nenhuma informação.

Mas, nem tudo é como parece e isso pode ser bastante complicado quando falamos em memórias ruins ou eventos traumáticos.

É por esse motivo que a maioria das pessoas não tem todas as memórias disponíveis a todo momento. O cérebro armazena as memórias em locais específicos, como se fossem compartimentos destinados para esse fim: os sons ficam armazenados no córtex auditivo, enquanto as memórias táteis estão no córtex parietal superior. Os rostos que conhecemos ou já vimos, ficam no giro fusiforme e as nossas emoções estão armazenadas em outro local igualmente distinto.

Assim, ao acionar uma memória específica, cada lembrança é acionada nesses compartimentos e se encontram no lobo temporal medial, onde também está localizado o hipotálamo.

Porém, nós acumulamos muitas memórias ao longo dos anos e isso faz com que as memórias, sejam elas táteis, olfativas, emocionais ou visuais, se percam ou fiquem mais reduzidas. No momento que uma memória é acionada ela pode chegar ao hipotálamo com quase 50% dos detalhes elaborados de outras formas, podendo estar inclusive misturados a outras memórias, parecidas ou não com a original.
O que se mantém intacto é a essência desses momentos experimentados e vividos, e memórias implícitas, que se tornam automáticas como, por exemplo: andar de bicicleta ou ainda falar um idioma já estudado anteriormente.

Também existe o que se chama de memória explícita, que podem acontecer em momentos de transição, por exemplo: transição da adolescência para a fase adulta. Essas memórias tem o poder de nos definir e nos posicionar no mundo enquanto sujeitos e indivíduos.

O que são as memórias falsas?

Algumas outras informações, por exemplo: informações de noticiários e propagandas em redes sociais, podem afetar a forma como nosso cérebro absorve as próprias experiências pessoais e as emoções que estão relacionadas a esses fatos.

Pensando nisso que as propagandas de marketing se desenvolvem tão bem pelas empresas. Pois elas fixam na mente e, sendo bem trabalhadas, podem se misturar ou ainda criar memórias com parte do público-alvo definido. Muitas pessoas não costumam se lembrar de informações precisas ao se lembrar da propaganda de um produto específico, porém muitas delas podem ter sentimentos ligados a ela e se lembrar disso.

Portanto, no momento em que você se lembra de algum acontecimento ou fato específico que passou ao longo da vida, seu cérebro não possui mais a totalidade dessa memória ou até do sentimento envolvido. Isso pois ele pode trazer a tona outros momentos e memórias com sentimentos semelhantes ao primeiro, criando assim a falsa memória.

Considere

Memória falsa

Um exemplo disso é quando ocorre a condenação injusta de um suspeito no caso de algum crime. A testemunha do crime pode ter prestado depoimento enganada pelo próprio cérebro. Ou ainda, traída pela própria memória que pode trazer a tona algo que jamais aconteceu, ou pior, pode acusar um suspeito, que por algum motivo pode parecer culpado, mas de fato não é.

O nosso cérebro tem esse mecanismo de criar barreiras e experiências como uma forma de defesa, para se proteger de alguma coisa, mesmo que isso nunca tenha acontecido propriamente com a pessoa.

Entendendo todos esses mecanismos nós começamos a entender o motivo das crianças contarem algumas histórias que não são totalmente verdade ou que não aconteceram diretamente com elas.

Sabemos que em alguns casos a mentira é deliberada. Porém é necessário relevar pois o cérebro infantil ainda está sendo formado e muitas memórias estão sendo absorvidas nesse processo.

Assim, é importante estar atentos à nossa construção cerebral e como percebemos o mundo através de crenças, preconceitos e atitudes pré-concebidas. Por isso é importante estar atento a novas vivências e não viver apenas no famoso piloto automático.

Também é necessário que o nosso cérebro esteja descansado e com bons estímulos. O que pode ser feito ao dormir corretamente, quando ouvimos uma música que gostamos, quando descansamos nas férias e até mesmo naquele cochilo rápido.

Assim, todas as coisas que fazemos ao longo da nossa vida dependem do bom funcionamento do nosso cérebro. Por isso que mantê-lo ativo e saudável é essencial.