Não Olhe para Cima: o que é verdade no filme?

  • Detalhes do enredo
  • O que é real na produção?
  • Negacionismo e pandemia

A produção “Não Olhe para Cima” (“Don’t Look Up”, original em inglês), da Netflix, foi lançada em dezembro de 2021 e é um daqueles filmes que todos devem assistir, pois vale muito a pena.

Você já assistiu e ficou na dúvida do que pode ou não ser realidade? Calma, vamos te mostrar o que os cientistas brasileiros falam sobre a obra.

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Antes mesmo de ser lançado, a expectativa sobre o filme era grande por contar com um elenco com grandes nomes como Jennifer Lawrence, Leonardo DiCaprio e Maryl Streep e outras grandes estrelas de Hollywood.

A produção tem feito tanto sucesso que já conseguiu uma indicação ao Globo de Ouro 2022 nas seguintes categorias: Comédia ou Musical como melhor. Aos atores principais, Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence foram indicados nas categorias de Melhor Atriz e Ator em produções de música ou comédia. É um feito e tanto.

O enredo desde o início dava a impressão de ser mais uma produção sobre o acabar do mundo, mas, trouxe elementos novos que fizeram com que se parecesse ainda mais a realidade do mundo no século 21.

Detalhes do enredo

No filme, DiCaprio e Lawrence fazem o papel de dois pesquisadores que durante alguns estudos, descobrem que um cometa está em rota de colisão presente a atingir Terra e que em cerca de 6 meses, todos serão dizimados, caso nada seja feito. Então, começa uma corrida contra o tempo para informar as autoridades americanas.

Porém, o que acontece é que a maior dificuldade é justamente convencer a então presidente dos EUA de que eles estão falando a verdade sobre o perigo eminente, pois no filme fica claro o conflito entre o cenário político, debate ideológico e negação no que se refere às mudanças climáticas.

Fica evidente que a ideia do filme é trazer um cenário semelhante ao que aconteceu durante a pandemia, principalmente nos EUA. Porém, essa realidade negacionista também foi vista no Brasil.

O diretor durante todo o filme apresenta como a negação pode cegar, não só a população, mas também toda a ala política e a mídia.

Por esse motivo, provavelmente, o filme desperte o amor de alguns e ódios de outros. Vale lembrar que o filme teve início em novembro de 2019, meses antes da OMS declarar a situação pandêmica no mundo. Por isso, o filme pode sim ser considerado como uma analogia a esse período da humanidade.

Os brasileiros logo começaram a comparar os personagens aos cientistas e personalidades no país que lutaram para que as autoridades levassem a situação a sério.

Mas, voltando ao enredo do filme, o que podemos considerar como real e o que foi feito apenas para dar mais popularidade à produção, de acordo com os especialistas? É possível mesmo que um cometa das proporções mencionadas no filme, destrua toda a vida na Terra?

O que é real em Não Olhe para Cima?

Não Olhe para Cima

O mestre em física e divulgador científico Eduardo Sato, em entrevista para o UOL Tilt, menciona que é comum cometas pequenos e meteoros caiam na superfície na Terra, mas não em níveis catastróficos, o que ele cita ser pouco provável.

Outro ponto bastante improvável é o tempo da descoberta. Um cometa das proporções do filme, com 10km de diâmetro, seria descoberto muito tempo antes devido ao seu tamanho.

O que podemos considerar como verdadeiro é a atitude das autoridades estadunidenses ao perceber que o perigo é real. Em vez de tentar explodir o cometa para que os fragmentos não destruíssem a Terra, o objetivo principal passa a ser explorar este cometa para enriquecer a indústria.

A possibilidade de explodir um cometa existe, porém, não da forma como é mostrada no filme. A NASA lançou em novembro a missão DART, cujo o objetivo é mudar a trajetória de um asteróides a partir dos princípios de energia cinética. A missão acaba sendo um teste para verificar a viabilidade, caso seja necessário utilizar este recurso.

Uma outra cena que ainda não é verdade, é a possibilidade de viver em outros planetas, como aparece no final do filme, onde as pessoas mais ricas vivendo através de tecnologias de criogenia, ou seja, vivendo congelados e acordando apenas quando chegassem em um novo planeta com condições de sobrevivência. Além desta tecnologia não existir de forma segura a humanos, para Sato, é improvável que exista outro planeta habitável para os seres humanos.

Uma maneira de conscientizar

Não Olhe para Cima

Apesar de alguns pontos exagerados, vale lembrar que o filme “Não Olhe para Cima” é uma ficção com pontos que podem ser verdadeiros e outros que são apenas para dar um toque hollywoodiano à produção. Mas, além disso ele é um filme excelente que surpreende pela não obviedade do tema “fim do mundo”.

O próprio protagonista, Leonardo DiCaprio menciona em entrevistas que o que lhe chamou a atenção foi o argumento levantado pelo filme e também tinha a intenção de “apoiar os cientistas”. De acordo com o autor, ele gostaria de tirar o chapéu a esses profissionais.

Os últimos anos tem nos levado a um nível de caos mundial e que as ideias negacionistas hoje chegam a propostas completamente absurdas. Todavia, com a pandemia e o aumento de grupos antivacina, por exemplo, essa produção parece ter a intenção de nos provocar questionamentos necessários. Isso principalmente sobre o que temos vivido e o nos tem motivado.